sábado, 22 de agosto de 2015

O dia em que eu aprendi a ouvir minha voz.

Eu tenho uma mania muito feia de querer que as pessoas gostem de mim. Todas elas. Não gosto quando alguém se incomoda com a minha presença ou com alguma coisa que eu fiz. Durante muito tempo, busquei aprovação das pessoas em tudo que eu fazia, no que eu ouvia, no que eu lia, no que eu fazia de faculdade, no que eu vestia.
Óbviamente que com o que tempo a gente amadurece e algumas coisas caem por terra. Eu já não tenho vergonha nenhuma de falar que fui fã de Rebeldes, entrei na faculdade de Jornalismo sonhando em trabalhar na Capricho e vestia bermudões do meu irmão porque queria parecer skatista (sou fã da Avril, gente!). Outras coisas, permanecem. 
Há pouco tempo atrás, percebi que estar rodeada de 50 pessoas não significava não estar só. Aquela teoria de que vale mais 5 pessoas que te preenchem o tempo todo do que 50 que você mal sabe quem são, é real. O ponto em que quero chegar é que leva tempo pra você selecionar quem são essas "5 pessoas" que te preenchem. Tem gente que você acha que preenche e depois vê que não preenche nada. Te enche de ar e depois aquilo tudo vai embora e você fica vazia de novo. O processo de "selecionar" pessoas é doloroso.
Claro que nada é pra sempre. De repente a amiga "X" super te preenche agora e daqui 5 anos não te preenche mais. As pessoas mudam. É sempre melhor tem uma amiga que te preencha pro resto da vida, em qualquer situação, né? E a gente tem que trabalhar pra isso.
Qualquer relação - seja ela de amizade ou amor - deve ser preenchida de respeito, carinho, admiração, gentileza, cuidado. Uma relação em que um não respeita o espaço do outro, é uma relação fadada a ir pro lixo. E há quem confunda respeito com a "aceitação de tudo o que o outro faz", mas não é bem por aí. Quando o respeito é mútuo, não há invasão, não há transgressão, nem agressividade.
Demorou muito tempo pra eu entender quem me sugava e quem me acrescentava. Pessoas que sugam não necessariamente são pessoas ruins; elas só não te acrescentam coisas boas. Isso não quer dizer que você não possa rir com ela, se divertir com ela. Quer dizer apenas que, apesar de toda a diversão, só um lado se doa. E então você tem que amar pelo dois, respeitar pelos dois, ser gentil pelos dois. Isso suga uma energia danada (pra quem tem bruxismo, como eu, isso também causa um stress danado e uma mandíbula dolorida por alguns dias, hehe)!
Aprender a ouvir a própria voz também tem essas coisas de aprender a perdoar - os outros e a si mesmo. Deixar as coisas pra trás é a melhor escolha que temos a fazer sempre. Esvaziar a mala, tirar a roupa velha do armário, botar o lixo pra fora. Deixar a casa limpa, organizada. A partir desse momento, fica tudo em seu lugar. 
O dia em que eu aprendi a ouvir minha voz, foi o dia em que a minha relação comigo mesma se tornou igualitária. Passei a respeitar minhas limitações, meus sentimentos, minhas escolhas. Passei a ser mais carinhosa e gentil com os meus erros, não me julguei tanto, tive mais vontade de aprender. Fui mais cuidadosa com quem eu deixava entrar na minha "casa", mas isso não quer dizer que fechei as portas. Aprendi que eu posso admirar minhas atitudes e meus ideais sem ser egocêntrica. A gente tem mesmo que se admirar!

Afinal, ninguém vai conviver tanto com a gente como a gente mesma. Será que vale a pena se amargar?


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